Este artigo que encontrei traz um relato bem interessante sobre a trajetória do projeto UCA. Nós que vivemos esta experiência na escola, podemos avaliar que o relato é exatamente a realidade vivenciada na escola. Um projeto audacioso, desafiador..., mas que infelizmente não está tendo o respaldo necessário.
UCA: é precisa atenção continuada.
Paulo Gileno Cysneiros - A Rede nº66 - janeiro/fevereiro de 2011
Em 2010, depois de cerca de três anos de planejamento e experiências isoladas, 300 escolas públicas brasileiras receberam 150 mil laptops educacionais pelo Programa Um Computador por Aluno (UCA), da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação. Foram dez escolas por estado, estaduais e municipais, rurais e urbanas. Também receberam laptops as escolas públicas de seis pequenos municípios e os colégios de aplicação de universidades federais. O UCA foi lançado pelo presidente Lula no final de julho de 2010 em Caetés (PE), sua terra natal.
Passado o semestre de encantamento com a novidade, as equipes de universidades que estão capacitando professores e gestores e acompanhando as escolas começam a delinear alguns resultados. Sobressaem problemas de infraestrutura, aparentemente menores, mas que muitas redes escolares não demonstraram agilidade suficiente para resolver. Foi necessário o redimensionamento da rede elétrica das escolas para suportar a carga de centenas de laptops, como também a preparação de espaços seguros para guarda das máquinas. Conexões sem-fio com a internet e manutenção do software têm apresentado problemas, com uma sobrecarga de trabalho para técnicos da rede escolar (quando existem) e a necessidade de contratação de pessoal especializado, algo que não acontece com facilidade.
Os laptops apresentaram rendimento abaixo do esperado, em parte devido à sobrecarga do software pré-instalado.
A capacitação de professores para assimilar o laptop à sala de aula também não tem sido fácil, particularmente em escolas rurais distantes dos grandes centros. Em Pernambuco, encontramos professores que não conheciam sequer o correio eletrônico e nunca haviam colocado a mão num teclado. Some-se a tais dificuldades o fato da capacitação ter sido planejada para acontecer, em boa parte, à distância. Ademais, mesmo os gestores escolares e docentes com alguma experiência de computadores não dispõem de tempo, na escola, para aprender a usar e acessar regularmente um ambiente virtual de aprendizagem.
Do lado positivo, a excitação dos alunos com a chegada das máquinas tem sido um fator de motivação para atividades escolares. Na pequena Caetés, a maquininha mudou hábitos de socialização dos jovens, que retornam ao prédio escolar noutros horários ou ficam numa praça pública próxima à escola para acessar a internet após as aulas e nos finais de semana.
É importante sublinhar que o UCA está no começo, sendo necessária atenção continuada às escolas contempladas. Além do apoio dos gestores estaduais e municipais, será importante o apoio a pesquisadores, já assegurado em parte para os próximos dois anos por um edital lançado pelo CNPq, Capes e Secretaria de Educação à Distância do MEC. Por fim, uma estrutura de avaliação continuada do UCA foi montada pelo MEC, que, esperamos, deverá fornecer informações relevantes para redes escolares que queiram implementar projetos semelhantes. O financiamento para tal também foi estimulado pelo governo federal por meio do Regime Especial de Aquisição de Computadores para uso Educacional, isentando de impostos a produção de laptops e de software para inclusão digital.
Um comentário:
É o raio-x perfeito da situação.Lá em Caetés ou cá em Carazinho a situação é exatamente a mesma, sem tirar nem por. Melhoria na aprendizagem???? Para quem se interessa,sim... Bjs. Saudade!
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