No momento da leitura desta semana, trabalhamos com os professores da nossa escola, um artigo publicado no Jornal Zero Hora tratando sobre o desafio de impor limites. Sabendo da importância deste tema em se tratando de educação achamos interessante refletir e debater sobre este assunto, tão comentado no meio escolar e alvo de tantas dúvidas e contradições. A psicopedagoga que escreveu o artigo foi muito feliz em suas colocações, retrando bem a realidade das escolas, que também é a realidade dos pais no momento de impor limites aos seus filhos. Segue o artigo em sua íntegra, é uma ótima sugestão de leitura a todos interessados em educação.
O DESAFIO DE IMPOR LIMITES
Marinice Souza Simon
Uma das maiores dificuldades da escola, atualmente, tem sido a de fazer cumprir as regras de convivência escolar, demarcando limites e cobrando deveres, sem ferir os direitos de alunos e educadores.
Claramente demarcadas no regimento da instituição, ratificadas na agenda escolar e sublinhadas em circulares dirigidas a toda comunidade educativa, as regras ou direitos e deveres comparecem na escola em documentos ou comunicados formais e informais considerados reguladores da ordem.
Por parte da escola, deve haver também uma preocupação que ultrapasse o esmero na elaboração escrita do rol de normas a serem acatadas. Na verdade, o trabalho formador deveria ser tão eficiente, que a concordância com as regras seria uma conseqüência natural para uma população escolar entendedora dos mais simples princípios de convivência harmônica.
Convém observarmos com muito cuidado a maneira como estamos construindo essa harmonia e quais os espaços e convites que fazemos a nossos alunos para uma discussão saudável sobre como agir com liberdade responsável no dia-a-dia.
A tarefa mais urgente no meio escolar é trabalhar preventivamente, formando opiniões com base em critérios conscientes e justos. Com a intensidade de problemas disciplinares muitas vezes orientadores e disciplinadores canalizam toda sua atenção para a contenção imediata dos eventos inadequados. Assim, a situação, com enorme desgaste dos educadores envolvidos, é resolvida superficialmente. Aparentemente a solução está direcionada para a finalização do caso, com a contenção devida.
No entanto, esses mesmos educadores externam sua preocupação e seu nível de insatisfação com relação à adequação dos procedimentos adotados. Há um questionamento que emerge desse grupo e o inquieta, sobre quais as melhores condutas educativas na solução de conflitos surgidos.
O problema órbita em torno das condições do entendimento e da aceitação dos limites definidos nas indicações de condutas desejáveis, na maioria das vezes carregados de parcialidade e de leituras tendenciosas que visam sempre beneficiar os maiores implicados.
Analisando o cenário social emergente nos mais variados níveis de ação, deparamos com uma abundância de modelos desprovidos de ética, de honestidade e de senso de justiça. São esses os tipos humanos que habitam nosso meio circundante oferecendo vantagens, lucros e prazeres à custa de qualquer preço. Não resta dúvida que são modelos atraentes para nossos adolescentes carregados de carências e histórias mal resolvidas, convivendo com duras realidades, privados da presença amorosa e firme dos pais e limitados a contatos virtuais com seus pares.
Entre as demandas desse multifacetado cenário, podemos mencionar o uso do celular na sala de aula, matéria ora pautada nas ações legislativas de nossa cidade exige também um posicionamento firme da escola e da família. Convém ressaltar que não se trata da proibição pela proibição, mas da conscientização do uso apropriado de tal aparelho nos diversos ambientes.
À aprovação da lei, agreguem-se medidas esclarecedoras e incentivadoras de um discernimento por parte do aluno, para que se decida sobre as melhores formas de comunicação. Só assim entendemos o sucesso das abordagens educativas, que terão os efeitos desejados, porque carregam em suas práticas condutas claras e objetivas, diante dos inúmeros e confusos apelos do mundo.
O desafio é contornado por uma linha muito tênue que divide o limite entre a correção e o constrangimento. Se por um lado somos complacentes, temendo humilhar ou constranger o implicado, por outro corremos o risco de levá-lo a entender que sempre haverá um adulto permissivo e protetor a lhe conceder espaço para errar.
Mais do que nunca é importante fazer a correção, de forma fraterna que denote um amor exigente, disposto a corrigir com medidas apropriadas, geradoras de novas reflexões sobre erros cometidos.
Sabemos que o caminho é traçar ações socioeducativas que levem em conta a participação do aluno e lhe propicie provocações a ponto de transformar, por si próprio, o comportamento indesejável. É preciso salientar que tais medidas só terão efeito se família e escola as tomarem em concordância, corroborando em idéias e ações que contribuam para a melhora do quadro apresentado.
Qualquer vacilo por parte de quem educa (escola/família) contribui para o reforço de atitudes contrárias ao esperado. É necessário tomar decisões e não voltar atrás, pensando muito antes de divulgá-las. Uma vez expressas, é preciso cumpri-las em sua íntegra. Assim, a firmeza dessa atitude de correção trará segurança e confiança àqueles que necessitam de um limite visível que balize suas condutas cotidianas.
Um comentário:
Ana Rúbia.
Você está uma perfeita blogueira! O artigo é extremamente relevante e preocupante.Entretanto, não podemos desistir, temos que continuar conscientizando nossos jovens alunos para a importância da educação.
Parabéns! Abraços,Luciara.
Postar um comentário